Okavango, o rio que desagua no deserto.
Sem o Delta do Okabango provávelmente o Botswana seria como a Argelia ou Mauritania, um enorme deserto com mares de dunas a cobrir a maioria do seu territorio. Em vez disso é um pais maioritariamente verde, mesmo no seu deserto. Existe como que um equilibrio que enche anulamente as poças de àgua do Kalahari e permitem a sobrevivencia de tanta diversidade.
Mas no Delta própriamente dito não existe apenas diversidade, existe uma explosão de vida que se entende por milhares de ilhas. Para chegar a muitas delas só de Mokoro, a tradicional canoa da região que desde tempos antigos é o meio de transporte dos bushman que habitam o Delta.
O meu karma deu mais vez ajuda e na manha seguinte consigo lugar num safari de mokoro de 2 dias e uma noite no meio do Delta. Partilho a experiencia com Karl um alemão que vive no Botswana há um ano e Nicolas, um Belga que vem à procura de emprego como bush pilot numa das empresas de aviação locais. Bons rapazes os dois.
Começamos com uma subida do Delta em lancha motorizada que nos deixa numa aldeia San algures no Delta. Aí trocamos para 2 mokoro guiadas eximiamente por dois orgulhoso bushmans nascidos e criados no delta.
Lentamente percorremos canais labirinticos por entre water lillys, nenufares que com as sua flores indicam o caminho para uma das ilhas do delta. É aqui que vamos passar a noite precisamente na ilha onde somos recebidos por um enorme elefante solitário.
Afastamos o estrume de elefante que forra o local do acampamento, é boa lenha para a fogueira diz o guia, montamos as tendas e partimos para um safari a pé. A poucos minutos de caminhada outro elefante, desta vez com uma cria, logo depois um rinoceronte que pasta fora de agua a escassos 15 metros de nós.
O guia faz um briefing sobre as regras de sobrevivência, se virem um leão fiquem quietos, ele não ataca, se virem um búfalo só corram para a primeira árvore que encontrarem, se for um elefante e bufar não adianta fugir, fiquem quietos e rezem...
Voltamos, esfomeados e cansados, o guia diz que há uma piscinha natural onde podemos nos refrescar. Confiamos no seu prognostico que diz que os enormes crocodilos só vem para esta zona à noite, nisso e nos seus olhos experiente que do alto da sua mokoro miram as aguas à volta. Afinal de contas não é todos os dias que podemos mergulhar no Okavango.
Regressamos para o acampamento, reunimos a comida de todos e o Karl, presenteia-nos com uma pasta de legumes salteados. Afinal o Alemão tambem é chef nas horas vagas, e ali do meio de uma salganhada de coisas fez uma refeição magnifica iluminada por um por do sol daqueles que vão ficar gravados na memoria.
A noite aqui chega rápido e depois de uma conversa com os bushman sobre as tradições e crenças dos San seguimos uma delas e vamos para as tendas. Segundo os San devemos ir dormir quando a lua fica a pique, no ponto mais alto. Quando ela desce até ao horizonte o sol chega do outro lado e é tempo de acordar e aproveitar o fresco antes do meio dia.
A noite foi encantada pelos sons do Delta, não recebemos nenhuma visita noctura apesar de termos montado acampamento precisamente por baixo de umas arvores que produzem uns frutos muito apreciados pelos nossos amigos elefantes. Acordámos às 5 da manha, entramos na mokoro e uma hora depois estávamos em outra ilha para mais uma caminhada.
5 horas a caminhar por savanas, florestas e pantanos até um magestoso baobab com mais de 20 metros de diametro. O nosso guia ia identificando as pegadas e as bostas pelo caminho, esta é fresca dizia ele, é de bufalo e onde há bufalos à leões. Pois, de certeza que há mas não se deixam ver, vimos zebras, várias especies de antilopes, mais rinocerontes, elefantes e até um chacal mas nada de leões.
Andar a pé no meio do habitat destes animais é qualquer coisa de indescritível, é puro, estamos de igual para igual e tudo é mais intenso, até o sol impiedoso que nos obriga a nós e aos animais a parar durante o pino do sol.
Voltamos para o hostel na beira do Orinoco, degusto o famoso hamburguer local e uma cerveja gelada. Perco-me à conversa com um casal suiço que viaja num Land rover e um casal espanhol que há um ano saiu de Vigo e anda a descer Africa de moto. Até aqui sou assombrado por galegos :) por causa deles não respeitei a regra dos San e perdi a lua alta. Por causa deles amanha vai ser mais duro enfrentar os lagos salgados de Nata no pino do calor...
Que viagem! Sonho com o dia em que puder sair de moto e viajar por locais como estes... naturais, selvagens... que nos enriquecem pessoalmente.
ResponderEliminarQue vida bonita tens! Continua!!
Vou começar a juntar dinheiro.....
ResponderEliminarFernando Pereira