Um pé no Kalahari
Sabem aquela sensação de constipação forte em que mal conseguimos respirar? Pois é como normalmente me sinto depois de um ano de trabalho intenso. Partir é como o primeiro sinal de recuperação.
Mas não ficamos logo bons, há aquela fase chata do nariz que pinga, do frio nocturno e das dores nas articulações. Um pouco como os primeiros dias de viagem em que ainda não estamos integrados e sentimos aquela ansiedade nervosa misturada com uma impaciência estranha.
Só ao fim de alguns dias, tanto na constipação como nas viagens conseguimos atingir uma sensação de conforto... conseguimos respirar. O Kalahari foi um bom remédio, 2 dias de total isolamento meterem a minha cabeça no sitio e comecei finalmente a viajar.
Atravessar este deserto requer algum estudo prévio, as distancias são enormes e os pontos de apoio e reabastecimento muito escassos. Mesmo o tanque de 20 litros não chega para as 3 etapas de 400kms e por isso tive de recorrer a um jerrican e a umas garrafas de coca-cola recicladas e lá consegui chegar a bom porto.
A limitação de autonomia não deixa margem para grandes explorações, deu para fazer alguns atalhos por pistas mas a grande maioria das distancia foi feita na Trans-Kalahari road.
Por aqui as pistas surpreendem pela dificuldade, a areia do Kalahari não é fácil e sinceramente não estava à espera de tanta, julgava que eram mais estradões com algumas zonas mais complicadas.
Tambem os há mas são as vias de acesso a aldeias ou vilas no centro do Kalahari, depois das vilas volta a areia fofa e revolvida e o deserto puro.
Tive sorte com o tempo, os 38º foram suavizados com um céu dramaticamente carregado que chegou a vias de facto em 2 trovoadas que jorraram forte e feio. A primeira ainda soube bem mas na segunda tive de recorrer ao impermeável.
Passei a noite em Kang, uma pequena vila bem no centro do Kalahari. Para quem já foi à Mauritânia é uma espécie de Barbas, um posto de combustível rodeado por algumas pequenas lojas no meio do nada.
O povo San, habitante desde tempos imemoriais deste deserto foi empurrado para estas vilas pelo governo que loteou o país em supostos Parques Naturais onde os San não podem caçar nem fazer furos para captar água, mas os endinheirados turistas podem dar uns tiros nuns elefantes e uns mergulhos nas piscinas dos luxuosos resorts que apareceram no meio do Kalahari.
Um pouco como os nativos americanos e os aborígenes australianos os San estão marginalizados e abandonados à bebida e à decadência dos hábitos da moderna civilização. Fast food tornou-se o prato nacional na região e há mais licour shops do que mercearias.
Tentei ficar a conhecer um pouco melhor os San em Ghanzi, onde existe um museu e um centro de interpretação do povo San mas para variar estava fechado ao domingo. Conheci alguns pequenos San pelo caminho, ajudaram-me a esticar a corrente e fizeram a reportagem fotográfica de um reabastecimento.
Agora estou em Maun, a capital do Okavango onde vou passar 3 dias. Já venho instruído pelo Nicolas para um tour de Mokoro pelo delta onde parece que podemos acampar junto com os elefantes bem no meio do delta.
A Mokoro é a canoa típica do Okavango, construída de um único tronco e conduzida com um pau longo e muita mestria pelos San que ainda habitam a região. Para já vou desfrutar do hostal e da tenda com vista para o Rio Okaavango...
Mano Grande, mano pequeno manda grande abraço.....Continuação de boa viagem e mantêm fotos e escrita em dia..... GRANDE VADIO
ResponderEliminarTchi... que sacrifício :)
ResponderEliminarBoa viagem!
Abraço,
Luís Cabrita
Vadio....continuaçao de boa viagem
ResponderEliminarINVEJA!!!!! :D
ResponderEliminargranda pinta carlos, um abraço
ResponderEliminarQuando ficar com gripe também quero uma recuperação destas! Adorava ter projectos destes na minha vida... Continuação de boa viagem!!!
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