A rota

À muito que me deixei de planear exaustivamente as rotas. É bom deixar as coisas acontecerem naturalmente e não nos concentrarmos em objectivos e metas demasiadamente rígidas. Sei o ponto de partida, Durban, onde a moto está guardada, e o de chegada, Cape Town, onde ela ficará estacionada até à próxima vadiagem. Isso para já basta! Entre as duas cidades não faltam pontos de interesse e esses sim ditarão a rota final. Pontos como o Delta do Okavango, o Deserto do Kalahari ou as famosas Victoria Falls que conforme me cativem mais ou menos irão ditar o tempo que me demorarei em cada um. Mas são os pontos menos sonantes que mais suscitam a minha curiosidade. Pontos como a região da etnia Himba, o povo vermelho que habita o Norte da Namíbia, ou o Sani Pass o caminho para as montanhas do Lesotho de onde se avista quase toda a região do antigo Reino Zulu, hoje a província Sul Africana de KwaZulu-Natal. Não me vou alargar muito em termos de quilometragem, prefiro ver bem uma ou duas coisas do que passar de raspão em muitas. Não vou sequer pensar na Zâmbia, em Moçambique ou em Angola, ambos merecem uma atenção especial e estão nos planos para uma próxima. A indefinição da rota não pode ser confundida com descaso. Considero imprescindível estar bem informado e pesquisar sobre as regiões a visitar. Quanto maior o conhecimento sobre um destino, mais segura e mais autentica será a experiência que trazemos dele. Estou atento por exemplo às limitações inerentes a viajar de moto por aquelas bandas. A maior parte dos Parques Naturais e Reservas de caça proíbem terminantemente a entrada de motos. Seja pela exposição total aos animais ou pelas enormes distancias a percorrer sem abastecimentos, o facto é que a moto não é de todo uma boa escolha para fazer safaris. Mas é precisamente essa exposição total que me agrada na moto, esse chegar de igual para igual, esse olhar nos olhos, sentir, tocar e sorrir que pode não ajudar a lidar com a fauna local, mas funciona na perfeição com as pessoas.

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