Show me your baobab!

Grita a japonesinha virando a t-shirt e posando para uma foto na Allé des Baobabs. Ou ela está há muito tempo em viagem ou trocou-se nos verbos... lol



Estou há dois dias em Madagascar, o oitavo continente como lhe chamam. Finalmente e depois de muitos atrasos por causa do ciclone cheguei a Tana, diminutivo de Antananarivo para os mais íntimos. A história do ciclone rendeu, acabei por chegar já passava da meia noite mas em contrapartida não me cobraram a alteração do bilhete que me permite agora ficar duas noites na ilha de Reunião no regresso. Tentei fazer isto pela internet em Lisboa mas ficava mais cara que o bilhete, decidi deixar a decisão para depois, aqui no balcão da companhia aérea. Graças ao ciclone a alteração ficou a custo zero. 



Há minha espera tenho o Manfred e uma Transalp 600 de 86 com 226.310 quilómetros pronta  a enfrentar as estradas de Madagascar. Pronta... ou quase, nos primeiros 200 quilómetros perdeu quase todos os parafusos da carenagem, a embraiagem já viu melhores dias e não trava! vai abrandando... Mas ok, afinal de contas é uma japonesa das boas e vai aguentar com certeza! O Manfred como bom alemão é precavido, dá-me um litro de óleo, duas manetes, um jogo de ferramentas e um spray anti furo, “all set Carlos, ready to go!!”



All set o catano amigo, empresta lá dois desmontas e uma bomba de ar que eu não confio nessas latas anti furo. Ele emprestou os desmontas mas não tem câmaras de ar, sem problema, compro no caminho. 



Simpaticamente acompanha-me à saída da cidades, sao 25 quilómetros dentro de um mercado tipicamente africano. Comida, camiões, motos, bicicletas e milhares de pessoas parece que se movem organizadamente como um cardume de peixes. Eu já conheço a experiência mas demora sempre um pouco a apanhar o ritmo africano.



Finalmente em Africa! As Maurícias e Reunião até podem pertencer ao continente mãe mas há muito que perderam a energia africana. Aqui não! Aqui é Africa pura, com tudo o que isso tem de bom e de menos bom também. O primeiro dia de estrada é pra aclimatar a tudo, do calo do rolamento de direção aos buracos na estrada, do trânsito ao frio... Sim frio! A ilha tem como uma espinha dorsal. Uma mega cordilheira que se estende do Norte a Sul e onde ficam instaladas as maiores cidades. Antsirabe onde termino o primeiro dia fica a pouco mais de 2000 metros de altitude.



Pelo caminho chamou-me a atenção um sinal de um restaurante com aquele tipico sinal do boi com as cores espanholas. Paro e conheço o Xavier, um ex-missionário da Murcia que se apaixonou por uma local e se ficou por aqui. Já la vão 25 anos diz ele saudoso, “mas nao consigo voltar a Espanha, já tentei mas não me adapto! Isto é uma terra maravilhosa, gente boa e não nos matamos a trabalhar, temos tempo.” Eu vejo o meu tempo escassear, já passa das 3 da tarde, ainda faltam 100kms e ainda nem almocei. Peço umas tapas ao Xavier convencido que tem lá dentro uma reserva de presunto ou enchidos da Murcia... “te gusta ranas? Son grandes y buenas, aqui hay muchas!” Ok Xavier trás lá as rãs.



Estavam boas, assim como estava a conversa com o Xavier que conhece tudo nesta ilha continente, mas atrasei-me e chego mesmo no limite do lusco fusco. Não há luz na rua, só em casas e nas bancas de rua que vendem comida. Dizem que esta é uma das cidades onde se pode arranjar a logística para descer o rio Tsiribihina de piroga. São dois dias rio abaixo e parece boa ideia.



Não tenho sorte, sozinho fica absurdamente caro e não há grupos previstos para os próximos dias. Isto de viajar sozinho nem sempre é bom... Mas como o que não tem remédio remediado está, vamos acordar cedinho e descer o rio pela margem, na estrada que o acompanha até à costa do Canal de Moçambique.



É isso que faço no dia seguinte, já mais acostumado à moto e às estradas devoro os primeiros 200km em quatro horas e desço a montanha até Miandrivazo. Sim 200kms em 4 horas é uma boa média nestas estradas! 
É aqui que fica a estação onde se costumam apanhar as pirogas. Enquanto provo um peixe do rio grelhado (feio como tudo, mas saboroso..) tento mais uma vez uma piroga baratinha mas continuo sem sorte. 



Sigo para sul acompanhando os braços do rio, vales enormes e abertos com as montanhas ao fundo. Aqui em baixo o calor aperta, devem estar perto dos 40 graus e parado não se aguenta. Conforme vou avançando vão diminuindo as povoaçoes, a paisagem fica menos rural, com palmeiras de aspecto estranho e pântanos a perder de vista. O sol já começa a ficar dourado quando vejo primeiro baobab ao longe. Não estava previsto para hoje mas talvez consiga chegar à Allée des Baobab a tempo do pôr do sol. 



E cheguei! Foi lá que conheci a Keiro, a japonesa que queria ver o meu baobab... ou melhor, que queria mostrar-me o baobab dela... não! O que ela queria dizer mesmo, era que eu tirasse um fotografia dela com a t-shirt de Baobab junto à moto. Mentes sujas!!



Ah é verdade, desculpem lá se os posts têm erros ortográficos ou gralhas mas eu faço isto no telemóvel antes de dormir e além de já estar com um olho para cada lado, não é facil escrever tanto nesta coisa tão pequenina. Não trago computador nem ipad, o telefone é a coisa mais tecnológica com que viajo e nem sempre tenho muita vontade de rever os textos, por isso vai mesmo assim :) 

Comentários

  1. Eh pa, esquece lá os erros! Continua...!
    As saudades que tinha disto.
    Grande abraco!
    112

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  2. Muito melhor que qualquer ficção! Continuação de boa viagem.

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  3. Espetáculo Carlos! Já tinha saudades!continuação de boa viagem!

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