Tenho até um pequeno ritual, umas semanas antes de cada viagem espalho tudo o que acho que vou precisar no chão da garagem. Todos os dias, quando chego do trabalho gasto 5 minutos a olhar e rever a escolha. Quase todos os dias tiro algo que realmente não preciso e tomo nota de algo que me esqueci no dia anterior.
Viajar com frequência trás algumas vantagens. Vamos coleccionando material e ao fim de algum tempo já temos as opções adequadas para vários tipos de destino.
Mas por mais que já tenhamos muito material, há sempre uma coisinha ou outra que precisa de um upgrade. Desta vez aproveitei para renovar o meu kit de cozinha. Não parece mas este pequeno volume tem um fogão, uma panela, uma frigideira, uma botija de gás e umas saquetas de sal e pimenta que gamei no Macdonalds. Cabe numa mão!
Outro upgrade que já vinha a adiar há algum tempo é o purificador de água Katadin. É certo que encontramos água engarrafada em quase todos os sítios mas sabe bem ter a opção de encher o cantil em qualquer torneira, poço ou ribeiro e bebe-la de imediato, sem receios e com toda a segurança.
Um erro que todos costumamos fazer é levar uma série de coisas que podemos perfeitamente comprar no destino. Há de tudo em qualquer parte do mundo. Seja em que região for as pessoas comem, bebem, vestem-se, lavam-se... e se o fazem é porque têm como. A descoberta de como o fazem é aliás uma das formas mais simples de nos integrarmos num destino e trazer de lá experiências mais ricas.
Mas a preparação não é só bagagem, a investigação dos destinos é também uma parte importante para evitar dissabores. O meu passaporte está válido para quase todo o mundo mas não para a África do Sul. Porquê? Porque já não tem duas páginas em branco, e isso seria o suficiente para não conseguir entrar no país e acabar esta viagem antes de começar.
Por mais que estejamos informados, bem equipados e preparados para uma viagem, nunca sabemos exactamente o que nos espera. Há que aceitá-lo, afinal de contas é precisamente essa incerteza, essa vulnerabilidade, essa imprevisibilidade, que nos desassossega e nos leva a partir. Eu estou pronto... acho...
Esta é de 2011, acabou de chegar ao mercado Sul Africano e sente-se perfeitamente em casa nas pistas africanas.
Está a descansar em Durban depois de o seu proprietário, o meu amigo "Capeludo", ter feito a rodagem nos últimos 4 meses. Uma viagem que de certa forma provocou esta e que pode ser vista no seu blog
O equipamento segue a filosofia da moto, leve e simples qb. Uns alforges flexíveis, suportes RAM para GPS e GoPro, saco de deposito de enduro da Wolfman e um jerrican de plástico para enfrentar as distancias maiores.
Para esta viagem vai levar mais uns upgrades, um deposito maior com 22 litros de capacidade, umas protecções de punho e um vidro caseiro made in Portugal.
No fim de contas acaba por ser mais uma produção do atelier da Adventure Store, que mesmo a 10.000 quilómetros de distancia, consegue preparar motos para qualquer tipo de aventura...
Vamos ver que tal se comporta.
Entre as duas cidades não faltam pontos de interesse e esses sim ditarão a rota final. Pontos como o Delta do Okavango, o Deserto do Kalahari ou as famosas Victoria Falls que conforme me cativem mais ou menos irão ditar o tempo que me demorarei em cada um.
Mas são os pontos menos sonantes que mais suscitam a minha curiosidade. Pontos como a região da etnia Himba, o povo vermelho que habita o Norte da Namíbia, ou o Sani Pass o caminho para as montanhas do Lesotho de onde se avista quase toda a região do antigo Reino Zulu, hoje a província Sul Africana de KwaZulu-Natal.
Não me vou alargar muito em termos de quilometragem, prefiro ver bem uma ou duas coisas do que passar de raspão em muitas. Não vou sequer pensar na Zâmbia, em Moçambique ou em Angola, ambos merecem uma atenção especial e estão nos planos para uma próxima.
A indefinição da rota não pode ser confundida com descaso. Considero imprescindível estar bem informado e pesquisar sobre as regiões a visitar. Quanto maior o conhecimento sobre um destino, mais segura e mais autentica será a experiência que trazemos dele.
Estou atento por exemplo às limitações inerentes a viajar de moto por aquelas bandas. A maior parte dos Parques Naturais e Reservas de caça proíbem terminantemente a entrada de motos.
Seja pela exposição total aos animais ou pelas enormes distancias a percorrer sem abastecimentos, o facto é que a moto não é de todo uma boa escolha para fazer safaris.
Mas é precisamente essa exposição total que me agrada na moto, esse chegar de igual para igual, esse olhar nos olhos, sentir, tocar e sorrir que pode não ajudar a lidar com a fauna local, mas funciona na perfeição com as pessoas.



