Mundo Perdido

O mundo perdido existe e é aqui!! Chama-se Parque de Canaima e fica no centro da Venezuela!! Sexta feira passada acordámos cedo, tínhamos uma avioneta marcada para Canaima, uma aldeia indígena que serve de base para explorar a zona oeste do parque com o mesmo nome. A viagem é curta e divertida, voamos baixo e podemos ver a densa floresta interrompida por inúmeros rios e centenas de rápidos e cascatas. Aterramos a escassos metros da lagoa de Canaima, um lago enorme alimentada pelo rio Carrao via 3 imensas cascatas, aqui chamados de "saltos" o salto Golondrina, o salto Huchas e o salto Ucaina. "Descansamos" na praia de areia branca da lagoa com uma cerveja fresca na mão, a agua está quente e a temperatura é perfeita. A meio da tarde entramos numa canoa com Miguel, o nosso guia indígena, a Marta e Mateo, um casal italiano que completa o nosso grupo. Atravessamos a lagoa, vemos os 3 saltos de perto e saímos para a ilha Anatoliy para a primeira caminhada do dia. Visitamos o salto Sapo e o salto Sapito, nesta cascata é possível atravessar de uma margem à outra por trás da cortina de agua. Uma experiência não deverá ser muito diferente de estar dentro de uma maquina de lavar, a agua tem uma força tremenda e enche o ar com uma pressão que torna difícil respirar. A agua vem de todos os lados, bate nas rochas com violência, é como estar dentro de agua e conseguir respirar...se bem que dificilmente. Nova caminhada e do alto da cascata vemos a Gran Sabana em toda a sua dimensão, zonas de floresta densa, zonas de savana plana, muito verde e colorida com palmeiras e os famosos tepuys. Os tepuys são montanhas de pedra massiça que sofreram milénios de erosão, erguem-se na planície de floresta e as suas encostas são como muralhas gigantes, paredes rectas com mais de 2000 metros de altitude. O maior de todos eles tem 700 quilómetros quadrados e chama-se Auyantepuy em língua nativa, significa Montanha do Inferno. Segundo a mitologia das tribos Pemon o topo deste tepuy é habitado por espíritos malignos que eles chamam de "Mawaritón", esses espíritos tem a companhia de uma divindade superior, "Tramán-Chitá" que estabelece o equilíbrio entre o bem e o mal nesse mundo isolado que é o topo do Tepuy. É para o Auyantepuy que vamos, o Salto Angel fica num dos seus canyons, no "Canon del Diablo" e para lá chegar é preciso subir o rio Carrao e o Rio Churún e entrar bem fundo na Gran Sabana. Na sexta feira ficámos a meio caminho, depois de 2 caminhadas e 4 horas de barco montamos a rede no "campamento Aonda" situado na "Isla El Orquidea" bem no coração da selva e rodeados por tepuys. O dia foi fantástico mas cansativo, o Casimiro sempre que ficava um minuto parado, adormecia, dormiu na avioneta, no barco, deitado nas pedras das cascatas, em pé... o coitado sente falta do seu bife e está com pouca energia :) o esparguete do jantar só tinha vegetais e isso deixou-o desesperado :) Pôs-se o sol e chegou a neblina, a floresta é impenetrável e os poucos caminhos que saem do acampamento terminam rapidamente no rio, não há estrelas, o céu está sempre carregado por estas bandas. Eram 8 da noite e já todos preparávamos a rede, o som da floresta é menos intenso do que esperávamos mas a noite foi uma delicia, pelo menos para mim, o resto do pessoal queixou-se das costas... Acordei eram 5 da manha e assisti sozinho ao nascer do sol, o meu primeiro nascer do sol na floresta, um momento que degustei lentamente, a neblina começa a subir à medida que o sol aparecia no meio do Wei Tepuy (montanha do Sol), as cores da floresta brilham com a humidade da noite, o silencio é interrompido por sons dos ninhos da árvore em frente ao acampamento e ao longe passam bandos de pássaros coloridos. O pequeno almoço foi rápido e novamente à base farinha de milho frito e doce, são duas horas de canoa até ao acampamento base do Salto Angel na "Isla Ratoncito", pelo meio atravessamos vários rápidos que nos deixam completamente ensopados, mas a 27 graus sabe bem. Acompanhamos durante todo esse tempo o Ayantepuy, do seu cume saem centenas de cascatas que riscam de branco as suas paredes rochosas, finalmente temos o primeiro vislumbre do Salto Angel. O "Salto Angel" foi assim chamado depois de um explorador americano, Jimmy Angel, ter tentado aterrar no planalto do tepuy e ter inutilizado com essa manobra o seu avião. O verdadeiro nome em Pemon desta cascata de 986 metros de altitude é Kerepacupai Meru (cascata do céu)e é efectivamente uma maravilha da natureza. A caminhada para chegar ao mirador dura uma hora de subida íngreme pela floresta, tudo está permanentemente húmido pelo spray da cascata essa humidade é perfeita para algumas plantas exóticas como a "lábios uma pequena planta carnívora. Chegámos ao mirador e tivemos a devida recompensa, a neblina permanente do topo do tepuy dissipou-se e podíamos ver a cascata em toda a sua dimensão brilhando com o sol da manha. Magnifico!! Apreciamos o momento durante algum tempo e continuamos a subida até ao poço da cascada onde saboreamos um duche na maior cascata do planeta. Na volta, almoçamos "pollo embaraçado" frango grávido????? mas mais tarde percebemos que se tratava de frango em vara assado :) No caminho para a acampamento apanhámos uma chuva tropical das fortes, como se isso não fosse suficiente ainda apanhámos com valentes ondas nos rápidos de Mayupa o resultado foi chegamos molhados até aos ossos mas muito satisfeitos. Nao fosse a chuva intensa e talvez tivéssemos voltado a Cidad Bolivar ainda ontem e assim ganho um dia em relação ao nosso calendário, mas com tamanho espectáculo da natureza nao ficámos muito tristes por passar mais uma noite na selva... Agora estamos todos de volta ás instalações da Adrenalina Tours em C. Bolivar, o Casimiro já teve direito ao seu bife, vamos passear um pouco pela cidade, esperar que refresque um pouco e arrumar tudo para amanha arrancar para a estrada bem cedo, próximo destino; Gran Sabana

Comentários

  1. obrigado a todos pelas fotos estou sem palavras.

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  2. Não consigo escrever mais nada a não ser MARAVILHOSO... e se continuam assim, acho que me vou repetir bastante nos meus comentários aos vossos post's.
    Beijos e boa continuação.

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  3. Sacrilégio! Ainda só li aqui e ali, um bocadinho de nada, comparando com o muito onde vocês estão.
    Fiquei-me praticamente pelos "bonecos", mas já percebi que o texto vai ser cheio.
    Encham-se de prazer e façam-no lentamentamente.

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