Souvenirs de viagem...

A minha familia e amigos ja estao acostumados a nao receber souvenirs, uma das grandes "vantagens" das viagens de moto é que todo o espaço de bagagem é obviamente pouco e por isso presentes e souvenirs pura e simplesmente nao cabem. Apesar disso costumo comprar alguma pequena lembranca em todos os paises que passo, algo tipico, caracteristico do local..... no entanto poucas vezes elas chegam inteiras a Lisboa. Em Bruxelas comprei chocolate para a minha PT, comi-o numa noite de solidao; em Amsterdao comprei uns cigarros para o meu amigo Zinga, fumei-os numa noite de solidao; na Russia comprei Vodka para o Martins, bebi-a numa noite de solidao.... o meu irmao teve sorte, o seu presente nao e comestivel mas mesmo assim ja foi usado umas vezes... sorry.... Andava eu a pensar que souvenir levaria da Bavaria na Alemanha quando conheci a Heidi! A Heidi é uma alema linda, agressiva, selvagem, apesar de magrela tem curvas sensuais, latinas.... é sexy... Conversei com a Inga e apresentei-lhe a Heidi, expliquei-lhe que a ela é pura e simplesmente insuperavel, insubstituivel, mas que tal como eu ela ja tem uma certa idade, muita rodagem... tem de ser poupada, mimada, continuarei a viajar com ela mas por destinos mais conservadores.... uma voltinha pela Toscania... pela Escocia... pela Corsega....talvez a Sicilia... Eu tambem ja não tenho a 20 anos e cada vez menos jeito para andar de moto, tenho de compensar essa falta de jeito e o peso da idade... por isso a Heidi :) a Inga concordou... Souvenirs à parte a viagem continua a correr bem, tal como previsto visitei demoradamente o campo de concentracao Auschwitz perto de Kracovia na Polonia, mais de um milhao de pessoas foi assassinado nesta gigante fabrica de morte e está tudo bem documentado no excelente museu de Auschwitz, a visita guiada ajuda-nos a entender os pormenores e a compreender exactamente a dimensão deste momento triste da historia universal.... uma visita a este lugar devia ser obrigatoria na formacao de todos os seres humanos... talvez com isso existisse menos extremismo, mais tolerancia.... a garganta fica seca, ficamos sem palavras ao passar por celas, por corredores, por paredes onde milhares de pessoas foram executadas apenas por serem de outra raça ou religião.... um lugar que marca. Era já bastante tarde quando avancei na direcção de Eslovenia e das montanhas Tatra, as nuvens escuras no cimo da cordilheira presentearam-me com um grande molha que nao me deixou desfrutar das curvas e das paisagens como eu gostaria. Mais uma vez adiei demasiado a paragem para vestir o impermeavel e fiquei novamente molhado e gelado, acabei por decidir dormir nas montanhas, encontrei uma pequena pousada e refugiei-me da chuva, sequei as roupas e esperei pelo sol para poder finalmente apreciar as belas montanhas de Tatra. No dia seguinte cheguei cedo a Budapeste ja na Hungria, almocei e caminhei demoradamente pela cidade, ja nao estou com grande interesse em castelos e museus, prefiro desfrutar do ambiente da cidade, das ruas movimentadas, das colinas... Budapeste é grande, demasiado grande até, na verdade são duas cidades pegadas, Buda e Peste e eu não estou com grande paciencia para cidades muito grandes, com demasiado transito... sigo para Bratislava. Não consigo encontrar um lugar para dormir na capital da Eslovenia, assisto ao por do sol perto do castelo enquanto janto uma salada colorida e sigo para Viena de Austria. Viena é já uma cidade conhecida, já vi os museus, castelos e catedrais noutras viagens por isso limito-me mais uma vez a desfrutar das famosas esplanadas e cafés de Viena. Encontrei um hostal no coracão do red light distric da cidade, o lugar nao e o melhor mas tal como em Bratislava está tudo cheio por isso não tenho grande escolha. No dia seguinte depois de um belo pequeno almoço decidi seguir para Praga, o Joe só amanha é que esta disponivel para rodar comigo e a capital da Republica Checa fica só a 400kms daqui. Tambem já conheço Praga mas é sempre um prazer voltar a uma das minhas cidades favoritas, na verdade o que me fez decidir foi o caminho, conheço Praga mas não conheço a Republica Checa vou aproveitar esta oportunidade para conhecer o interior do país. Surpreendentemente os checos são uns bem dispostos, tambem têm castelos interessantes :) Cheguei cedo e fiquei no hostel do costume, chama-se Mariee Briatrz e apesar de ser um "boutique Hostel" cheio de charme e mobiliario de design é bastante economico. Apanhei um dos electricos e segui para o castelo, fiz a caminhada de lá até ao centro historico atravessando a "minha" ponte (Ponte Carlos I :) e as ruelas da baixa até outro dos meus vicios em Praga, uma sandwich de tofu com cogumelos torradinhos no Rufous, um pequeno barzinho que toca um chill out delicioso escondido das resmas de turistas que enchem a cidade. Praga é sempre agradavel mas hoje está mais bonita ainda, a luz está magnifica enchendo as margens do rio com um dourado forte, as inumeras torres e pinaculos da cidade apanham os ultimos raios de sol... a silhueta da cidade revela-se ao luar! Praga é bela! No dia seguinte saí tarde da cidade, é o costume, esta cidade tem o poder de nunca nos cansar. Apanhei pela primeira vez auto-estrada até Munique, desde a Dinamarca que não pisei numa auto-estrada e já la vão mais de 10.000 kms. O Joe estava à minha espera, seguimos para um bier garden e para uma visita à sua cidade. Ele não se pode queixar, vive numa zona rural muito calma e bonita a poucos quilometros de Munique, um pequeno paraiso onde fui muito bem recebido, obrigado Joe! Já com o Joe como companheiro seguimos por estradas de montanha até à Touratech onde conheci a Heidi, a sexy Heidi. Entrámos na Suiça mas ela não nos recebeu bem, uma chuva intensa forra todo o país por isso em vez do roteiro que previamos fazer na direcção dos lagos do norte da Italia vamos bordejando a chuva junto da fronteira com a França. As montanhas são bonitas e as estradas repletas de curvas deliciosas, fugimos da chuva e começamos uma dança pelas curvas que nos leva até Lyon, até ao Jorge e à sua bonita familia. Eles recebem-nos magnificamente, churrasquinho delicioso, vinho portugues e uma conversa gostosa que se arrasta até à madrugada, obrigado Jorge e Madeleine! Hoje é o dia da Liberdade na França, é o feriado mais importante do país que está todo enfeitado, nós comemoramos com o Jorge e a sua dominator numa estrada que atravessa a região do vale de Dourdone subindo e descendo montanhas por estradas simplesmente perfeitas. Continuamos atravessando as montanhas de França por pequenas estradas nacionais, viajar com o Joe é porreiro, temos um ritmo identico, sem exageros e gostamos os dois de curvas, pena não conseguirmos uns trilhos... mas a coisa já está agendada para quando a Heidi estiver pronta.

Comentários

  1. Bom relato Carlos!

    Presumo que já tenhas chegado a casa?

    Entao, com a mente bem formatada? Pronto para a rotina :)?

    Um abraco,
    Afonso

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  2. boas carlos!!
    já vi que já chegaste a casa(sao e salvo)e que finalmente acabaste a "faina".
    foi um prazer vos receber a ti e ao joe, espero que nos possamos em breve encontrar de novo.

    p.s. só te enganas-te no nome da minha esposa, que não é margarida mas sim madeleine, ela disse que estava chateada contigo!!(tou a brincar)

    abraços
    jorge

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  3. Ehhh pá pede lá desculpa à patroa Jorge... já corrigi o nome dela ;) abrs a toda a familia e mais uma vez obrigado pela hospitalidade.

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