Archive for 2010
Acabou o sabão azul e branco... e todos sabemos que sem sabão azul e branco não se pode viajar de moto :)
Há que voltar a casa, comprar mais sabão, juntar mais algum dinheiro, acumular mais algum tempo e voltar para continuar a eterna viagem.
Esta é uma viagem que ganhou um espaço especial na minha memória, foi uma das mais duras, uma das mais difíceis, mas também uma das que passou por locais mais belos.
Nos meus arquivos ficam momentos mágicos de solidão em lugares incríveis,
momentos duros testemunhando a violência da natureza,
e instantes memoráveis com novos e velhos amigos das viagens.
O ultimo dia foi o mais longo, 3 horas de moto e 20 entre aviões e aeroportos. A minha barba de 3 semanas também não ajudou, segundo as forças de segurança do aeroporto de Caracas devo ser parecido com algum traficante guerrilheiro. Só isso justifica 8 revistas integrais, 3 raio X de corpo inteiro e 2 horas sentado na salinha da brigada nacional anti-droga. A minha ideia de copiar a barba de marinheiro do capitão Bob não foi bem recebida pelos venezuelanos...
Perante tantas interacções com as 4 forças militares diferentes no aeroporto, o atraso de 4 horas do meu voo passou despercebido.
A Maria ficou na casa do Ruben e da Marief, amigos antigos que conheci durante a minha passagem pela Venezuela em 2007. Estas amizades que vamos juntando nas vadiagens são sem dúvida uma das grandes riquezas que nos trazem estas aventuras, amigos que se tornam família, família que nos acompanha sempre, estejamos nós onde estivermos.
O Ruben a Marief e agora o pequeno César são a minha família Venezuelana, receberam-me, ajudaram-me e mimaram-me durante a minha passagem relâmpago na sua casa. Obrigado! Muito obrigado mais uma vez!
A grande família brasileira apesar de longe e fora de rota desta vez acompanhou toda a viagem e tenho de confessar que é muito energizante e animador ver os seus comentários sempre que venho ao blog. Estou com saudades pessoal, a próxima tem de ser para esses lados :)
Agora estou de volta a Lisboa, à crise, ao PEC e ao inverno. Fui recebido com um frio cortante mas com um sol radioso, fico sempre fascinado com a beleza da luz do nosso país. O frio soube bem na primeira noite, sobe bem na segunda, mas na terceira já começo a sentir falta do ar quente e húmido dos trópicos.
Está na altura de começar a pensar na próxima :)














Acabou o sabão.






















Determinação ou teimosia ?
... que tão má fama dá a um país tão belo.
A Colômbia não é o que dizem, é um país que sorri, que recebe bem que nos faz sentir leves... e sem ser necessário recorrer a substancias ilícitas.
Cartagena é assim mesmo, bela, forte, rústica mas com uma doçura nas suas gentes que encanta todos os que a visitam.
Eu não fui excepção, estou rendido a esta cidade, a esta baía, a esta gente, à Colômbia.
Infelizmente não tenho tempo para a desfrutar como gostaria, vou ter arrancar rapidamente para a Venezuela.
As previsões de importação temporária da moto na Colômbia são de 8 horas, ou seja um dia de espera para poder arrancar para a estrada. Um dia que não tenho, a troca de barcos fez-me atrasar e agora tenho 2 dias úteis e 1300 kms para chegar ao meu voo de regresso em Caracas.
Perante o ar desconfiado do capitão Bob avanço confiante na companhia de Paola, a sua agente despachante para a Aduana e em menos de 2 horas estou de volta ao Hotel. Listo e pronto!! O charme da Paola misturado com a minha determinação e positivismo produziram mais um recorde. A Maria está pronta a rodar, ao contrário dos submarinos improvisados pelos narcotraficantes que estão em exposição nas docas da aduana.
Já sei das enormes inundações nas regiões que vou ter de atravessar para chegar a Caracas e qualquer imprevisto compromete totalmente o meu justo calendário.
Por isso avanço pela rota mais curta e em pouco mais de 2 horas tenho o primeiro imprevisto. Uma simpática policia diz-me que uma ponte ruiu mais à frente, tenho de procurar outra forma de chegar à fronteira.
Fujo para a costa, longe das montanhas as estradas devem ter sofrido menos com as chuvas. Acerto na aposta, a estrada é boa e rápida, alem disso é bonita.
A chuva volta e com ela mais desabamentos e lama no asfalto, nas margens da estrada vejo vários índios "despidos" a rigor. Na minha cabeça repito, tenho de volta com mais tempo... tenho de voltar com mais tempo...
É daqui que sai a caminhada de 6 dias para a Ciudad Perdida, umas isoladas ruínas de uma civilização ainda desconhecida, algures no topo destas montanhas. Tinha-a nos planos mas vai ter de ficar para a próxima.
A chuva não me deixa tirar fotografias, paro numas bombas para encher o tanque e oferecem-me um café quente. Quanto é? Cortesia diz o senhor. Estão a ver... cortesia é o apelido da grande maioria dos Colombianos.
São 9 da noite quando chego a Santa Marta, 3 horas de condução nocturna com chuva forte na Colombia. Quebrei todas as minhas regras de segurança mas sobrevivi e estou satisfeito.
Comemoro sozinho num restaurante chique para variar, risotto al mare com duas taças de vinho chileno. Sinto que mereço!! O jantar foi mais caro que o hotel... ;)














Maldita cocaína...
















