Dr Livingstone, I presume!

Estas foram as primeiras palavras de Stanley, um jornalista do New York Herald que durante dois anos procurou por toda a Africa o famoso explorador Britanico. Livingstone ganhou fama por em 1855 ter sido o primeiro europeu a “descobrir” as Cataratas Victoria durante uma viagem epica no rio Zambezi. É para o rio Zambezi que aponto, mas para chegar lá há muitos quilómetros ainda pela frente. O Kalahari ainda marca a sua presença, até perto da fronteira do Zimbabwe existe o maior lago salgado do mundo. Eu tambem pensava que era o Uyuni na Bolívia mas pelos vistos não, é aqui nos enormes Pans Nwetwe que está a maior área salgada do planeta. Num degradé que vai progressivamente de branco para verde, começo a ver cada vez mais arvores grandes, mais vegetação. Os Baobads, raros até aqui, multiplicam-se ao redor da estrada e atingem dimensões impressionantes. Este tem 2000 anos e um tronco com mais de 27 metros de largura. Descanso no Planet Baobad, um ponto de apoio/camp/hotel/bar unico num raio de centenas de quilómetros. Um verdadeiro oázis construido num jardim natural de Baobads milenares. Se a MotoXplorers vier para estes lado vamos ficar aqui sem duvida! Digo adeus de vez ao Kalahari em Nata, já perto da fronteira onde finalmente me rendo ao restaurante Barcelos que vejo em todas as cidades desde que entrei no Botswana. Barcelos é o MacDonalds Português, uma rede de fast food onde o frango grelhado é rei e senhor. Até o logotipo é o nosso conhecido galo de Barcelos... há por aqui um português que está a fazer um grande sucesso! Aponto para Norte, sigo por uma estrada conhecida por ser pouco respeitada pelos animais selvagens. Livres leves e soltos, deambulam entre a fronteira do Zimbabwe e a Reserva de Chobe no Botswana cruzando a estrada habitualmente. Varro as bermas da estrada à procura deles e não demoro muito a encontrar o primeiro, um grande elefante macho que sem pressas de afasta para o mato graças ao escape de rendimento do Nicogolias (Grrrrr) Sigo-o a pé, encontro-o tranquilo a pastar a uns 20 metros da beira da estrada. Esqueço instataneamente tudo o que o guia San me tinha ensinado no Okavango e pouco a pouco avanço convencido que as arvores me escondem, chego a 5 metros de distancia. De repente ele olha directo para mim, abre as orelhas levanta a tromba e manda um bafo ruidoso que sem hesitações me pôs a correr os 100 metros barreiras mais rapido que uma chita. Só quando chego à estrada é que olho para trás e nem sinal do paquiderme... tambem se deve ter assustado com um gaijo de capacete no meio do mato. Tenho o coração aos pulos e durante pelo menos uma hora berro de satisfação dentro do capacete perante a grande estupidez que acabei de fazer. É daquelas parvoices que se correm bem dão um prazer e uma excitação intensa e inesquecivel, mas se correm mal.... provavelmente neste caso dariam papa de português. A minha pequena maquina fotográfica tem um zoom minimo, é optima para paisagens mas péssima para vida selvagem. Não foi uma foto próxima que me levou a aproximar do elefante, foi a sensação de o ver de perto, sozinho, a pé, de igual para igual. Acelerado por este encontro “arranco fogo” da Lady até Kasane onde uma tabuleta me deixa indeciso. Zambia ou Zimbabwe? Decido pela Zambia mas segundo a senhora da fronteira o ultimo ferry já saiu e agora só amanha. Para a Zimbabwe há ponte e posso chegar às cascatas ainda hoje. Avanço rapidamente para a fronteira convencido que ainda poderia chegar a Victoria Falls durante o dia. Esqueci-me no entanto que o Zimbabwe saiu à pouco tempo de um periodo conturbano sobre a direcção do Sr. Mugabe e que por lá não há diamantes para financiar o serviço publico. Passo 2 horas na fronteira e saio já de noite por uma estrada deserta durante 80kms até à cidade de Victoria Falls. Milhares de mosquitos, dezenas de bezouros, e 3 passaros depois chego ao final da batalha, ainda bem que não passou nada maior à minha frente. Hoje vou dormir na cidade aqui, amanhã passo para o outro lado do rio para a cidade do Dr Livingstone.

Comentários

  1. Miguel Casimiro11:46 da tarde

    Grande Maluco! Estamos contigo pá! :D

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  2. Brutal o lago "Nwetwe_Pan" fui ver no Google Maps e aquilo é ENORME!!!
    Abraço,
    LSS

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  3. Forcado amador, tu põe-te fino pá! Diverte-te muito. Abr. CM

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  4. Muito bom! Para variar :)

    Kuzungula não é onde se "encontram" 4 países?
    (deixa ir ver ao mapa...)

    É sim: Bostwana, Namibia, Zambia, Zimbabwe!

    Quando for grande também aí quero ir.

    Abraço,
    Luís Cabrita

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  5. Grandes imagens! Continuação de boa viagem, Carlos!
    Zé Paulo.

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  6. Não tinha nenhum Tuga mais doido pra me apaixonar? Grande sorte a minha... Se cuida... volta inteiro... beijo!!!

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